14 abril 2010

Odeio Pic-Nics



Saímos do stress do hospital à hora de almoço e fomos dar uma volta. Doía-lhe a cabeça e permaneceu de olhos fechados o tempo todo. 

- Estou cheia de fome mas não me apetece comer... sabes como é?- perguntou.  Melhor que ninguém, pensei... e sorri-lhe. Acabei por entrar no supermercado mais próximo para improvisarmos um pic-nic num sítio calmo. Percorri algumas ruas sem rumo certo e acabei por estacionar perto de um cemitério. 
- A Raquel tinha razão quando falava da paz e do silêncio que ali se respira, disse ela. Concordei.

Quando abriu os olhos uma orgia de flores do campo abraçou-a. Mas haviam umas cor-de-laranja que eram diferentes. Quis tocá-las. Parei o carro. Observei-a com um sorriso parvo, enquanto ela colhia distraída um molho de flores silvestres.  Escolhi o pão que mais gosta, barrei-o com queijo, duas fatias de Salmão e finalizei com umas folhas de rúcula. Depois atei o ramo como pude, estava lindo como ela. Mais tarde viria a descobrir que eram Papoilas Douradas da Califórnia. 

Sentámo-nos à beira da estrada, de onde se avistava o palácio de Sintra. Não falámos, apesar de ambos termos escutado as "Dunas" no rádio do carro. Não era importante. Quando estou com a Sofia todas as músicas me parecem apropriadas. Olhei-a e disse que a amava. Esperei. Ela pôs um ar desprendido e disse: 
- A ti não sei, mas a mim está a saber-me lindamente.   

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