21 março 2010

Vermelhas, por favor

 

Silent-Order

Ainda tenho de passar na florista das Amoreiras.
Hoje mesmo, sem falta.
As tulipas vermelhas simbolizam o amor e podem estimular o bom Feng Shui nos relacionamentos.
Mesmo o que eu estou a precisar...
Acreditar que isto pode melhorar.


Primavera



 www.olhares.com

De manhã fui à janela e reparei na amendoeira em flor. Sorri-lhe serena. 
Nem com a chuva a natureza se deixa enganar, pensei.
Considerada a época do ano mais favorável para novos começos, a primavera representa o florescimento da fauna e da flora. 
No Hemisfério Norte começa a 21 de março (no equinócio) e termina a 21 de junho (no solstício). 
Do ponto de vista da Astronomia, no dia do equinócio o dia e a noite têm a mesma duração. A cada dia que passa, o dia aumenta e a noite vai encurtando, aumentando a insulação do hemisfério respectivo.
É interessante. 
Só ainda não percebi se isso é bom para nós...


Passagem



Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém...


Kay Sage, Le Passage, 1956 

Sol e Lua



Existem lendas associadas ao encontro do Sol e da Lua com origem na China, no México, na Guatemala,  no Egipto, na Roma antiga etc. Umas falam de um amor impossível, outras de um castigo divino que os condenou a viverem separados, e até há as que os consideram irmãos. Pessoalmente gosto da versão dos esquimós, segundo os quais o eclipse provém dos escassos encontros entre ambos. Um dia falei disso ao Pedro. E mostrei-lhe esta:

Quando o Sol e a Lua se encontraram pela primeira vez, apaixonaram perdidamente e a partir daí começaram a viver um grande amor. Acontece que o mundo ainda não existia e no dia que Deus resolveu criá-lo, deu-lhes então o toque final ... o brilho! Ficou decidido também que o Sol iluminaria o dia e que a Lua iluminaria a noite, sendo assim, seriam obrigados a viver separados.

Abateu-se sobre eles uma grande tristeza quando tomaram conhecimento de que nunca mais se encontrariam. A Lua foi ficando cada vez mais amargurada e, mesmo com o brilho que Deus lhe havia dado, foi se tornando solitária. O Sol por sua vez havia ganho um título de nobreza "ASTRO REI" , mas isso também não o fez feliz.

Deus então chamou-os e explicou-lhes : - Vocês não devem ficar tristes, ambos agora já possuem um brilho próprio. Você Lua, iluminará as noites frias e quentes, encantará os enamorados e será diversas vezes motivo de poesias. Quanto a você Sol, sustentará esse título porque será o mais importante dos astros, iluminará a terra durante o dia, fornecerá calor para o ser humano e a sua simples presença fará as pessoas mais felizes.

A Lua entristeceu-se muito com seu terrível destino e chorou dias a fio... já o Sol ao vê-la sofrer tanto, decidiu que não poderia deixar-se abater pois teria que lhe dar forças e ajudá-la a aceitar o que havia sido decidido por Deus.

Mas a sua preocupação era tão grande que  o Sol resolveu fazer um pedido: - Senhor, ajude a Lua por favor, ela é mais frágil do que eu, não suportará a solidão... E Deus na sua imensa bondade criou então as estrelas para lhe fazerem companhia. Sempre que está triste a Lua recorre às estrelas que fazem de tudo para consolá-la, mas quase sempre não conseguem.

Hoje eles vivem assim .. separados, o Sol finge que é feliz, a Lua não consegue esconder que é triste. O Sol ainda esquenta de paixão pela Lua e ela ainda vive na escuridão da saudade.

Dizem que a ordem de Deus era que a Lua deveria ser sempre cheia e luminosa, mas ela não consegue isso. Ela é mulher, e uma mulher tem fases. Quando feliz consegue ser cheia, mas quando infeliz é minguante e quando minguante nem sequer é possível ver o seu brilho.

Lua e Sol seguem seu destino, ele solitário mas forte, ela acompanhada das estrelas, mas fraca.  Acontece que Deus decidiu que nenhum amor nesse mundo seria de todo impossível, nem mesmo o da Lua e do Sol ... e foi aí então que ele criou o eclipse! Hoje Sol e Lua vivem da espera desse instante, desses raros momentos que lhes foram concedidos e que custam tanto a acontecer. 

 Max Ernst, Of This Men Shall Know Nothing, 1923
 

Um dos mais enigmáticos trabalhos deste surrealista alemão e o único que conheço que representa simultaneamente os diagramas do eclipse Solar e Lunar.